quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sentença em versos...



Sentença judicial em verso proferida em Varginha/MG, em 16 de novembro de 1987 por RONALDO TOVANI 1º Juiz de Direito Auxiliar, publicado no Jornal "Gazeta do Sul de Minas"-

Poder Judiciário
Comarca de Varginha; Estado de Minas Gerais
Autos nº 3.069/87; Criminal
Autora: Justiça Pública
Indiciado: Alceu da Costa, vulgo "Rolinha

Vistos, etc..

No dia cinco de outubro do ano ainda fluente em Carmo da Cachoeira terra de boa gente. Ocorreu um fato inédito que me deixou descontente o jovem Alceu da Costa conhecido por "Rolinha" aproveitando a madrugada resolveu sair da linha subtraindo de outrem duas saborosas galinhas

Apanhando um saco plástico que ali mesmo encontrou o agente, muito esperto escondeu o que furtou deixando o local do crime da maneira como entrou

O senhor Gabriel Osório homem de muito tato notando que havia sido vítima do grave ato procurou a autoridade para relatar-lhe o fato

Ante a notícia do crime a polícia diligente tomou as dores de Osório e formou seu contingente: um cabo e dois soldados e quem sabe até um tenente

Assim é que aparato da Polícia Militar atendendo a ordem expressa do delegado titular não pensou em outra coisa senão em capturar

E depois de algum trabalho o larápio foi encontrado estava no "Bar do Pedrinho" quando foi capturado; não esboçou reação sendo conduzido então à frente do delegado.
Perguntado sobre o furto que havia cometido respondeu Alceu da Costa bastante extrovertido: "Desde quando furto é crime neste Brasil de bandido?"

Ante tão forte argumento calou-se o delegado, mas por dever de seu cargo o flagrante foi lavrado recolhendo à cadeia aquele pobre coitado

E hoje passado um mês de ocorrida a prisão chega-me às mãos o inquérito que me parte o coração: solto ou deixo preso, esse mísero ladrão?

Soltá-lo; decisão que a nossa lei refuta pois todos sabem que a lei é pra pobre, preto e puta.

Por isso peço a Deus que norteie minha conduta e é muito justa a lição do pai destas alterosas:

Não deve ficar na prisão quem furtou duas penosas se lá também não estão presas pessoas bem mais charmosas como das fraudes do INAMPS das ferrovias engenhosas.

Afinal não é tão grave aquilo que Alceu fez pois nunca foi do governo
nem seqüestrou Martines e muito menos do GAB participou alguma vez.

Desta forma é que concedo a esse homem da simplória com base no CPP liberdade provisória para que volte pra casa e passe a viver na glória.

Se virar homem honesto e sair dessa sua trilha permaneça em Cachoeira ao lado de sua família devendo ao contrário mudar-se para Brasília.

P. R. I. e expeça-se o respectivo alvará de soltura.

(Ronaldo Tovani)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Discurso de político matuto



Discurso de político matuto
Poeta Raimundo Nonato da silva


Meu zamigo eleitor
Eu sou fulano de tá
Me canidatei agora
Quero se parlamentar
Ói aqui o meu retrato
Bote eu como canidato
Na cambra municipá

Eu estou aqui pidino
Pra vocês vortar com eu
Sei que sou anafabeto
Como otos que não aprendeu
Como anafabeto eu noto
Que posso errar o meu vorto
Mais quero contar com seu

Isso já aconteceu
In ota eleição passada
Quem foi vortar com si mermo
Errou e só deu mancada
Pra não acontecer com eu
Tô pidino o vorto seu
Me ajude camarada

Se eu ganhar você ganha
Vorte comigo e descobre
Queu vô ser pai da pobreza
Mais mió do que os nobre
Mintire desse sufoco
Me ajude inrricar um poco
Que eu cansei de ser pobe

Tô contano com seu vorto
Meu zamigo e meu zirmão
Um pobe vorta é com oto
Veja bem preste atenão
Que eu suo o menos rim
Se vocês vortar in mim
Vou ser o menos ladrão

Como eu não tenho lição
Como otos que são letrados
Seu robar eu robo poco
Tavez robe mal robado
Pru que não sei robar bem
Como os puliticos que tem
Diploma e certificado



Vorte em mim só essa veis
Se eu errar vocês perdoi
Mermo seu vender vocês
Como quem se vende boi
Para o dotor deputado
Qui atrais de ser bem vortado
Vei pidir o meu apoi

Você e sua muié
O seu fie e sua fia
Vorte em mim miore a sorte
Minha e de minha famia
Vamo lá povão danado
Ajude um pobe coitado
Deixar de ser bóia-fria

Os oto tem cara lisa
Mais lisa do que garrafa
O prefeito roba o povo
E os sinvegonhe abafa
Eu digo com fé em Deus
Se vocês vortar com eu
Eu vou acabar a mafa

Pegue esse par de sandaia
Tome um saco de cimento
Que importa é eu ganhar
E agora é o momento
Infrento briga no murro
Quem vortar nos oto é borro
Se não quiser ser jumento

Seu ganhar do fruta doce
Não vô dar limão azedo
Reclamo os otos corrutos
Eu sou um home sem medo
Não faço o que otos fês
Eles botaro em vocês
Como o cão em meste afredo

Se eu errei no discurso
Descuipe o palavriado
Que anafabeto no fala
Bem como quem é foimado
Me perdoe se eu errei
Eu nem sei o que falei
Meu povo muito obrigado
Referências

http://poetaraimundononato.blogspot.com/2010/04/discurso-de-politico-matuto.html

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A HISTÓRA DA FÉ - FELIZ NATAL!




A HISTÓRA DA FÉ

Mais dois mil ano atráis, cumeça a
históra da fé.
A históra de Jesus,
de Maria e de José.
José era caipintêro;
e Maria, cumpanhêro;
a Virge de Nazaré.

Maria era sortêra,
quando Deus Pai lhe iscuiêu,
mode sê mãe de seu fíi,
e um anjo lhe aparicêu.
Quando ela tava rezando,
o anjo foi se achegando,
e a boa nova, lhe deu.

Maria, cheia de graça,
essa visita me induz,
a dizê bindito é o fruito,
do vosso ventre de luz.
Falô num facho de bríi:
Tu vai dá luz a um fíi,
qui vai chamá de Jesus.

Maria lhe arrespostô,
bem alí na aparição:
Cumo vai acuntecê ?
Eu juro qui num sei não.
Pruquê já me dicidí,
sô virge cumo nascí,
e num me intrego a varão.

Gabrié lhe dixe, intão,
abrindo o seu belo manto:
É um Milagre Divino,
Maria, eu lhe agaranto.
Ela dixe: In mim se faça;
quero arrecebê a graça,
do Divino Ispríto Santo.
E alí, Maria amostrando,
sua grandeza de amô,
do arcanjo Gabrié,
aquêle anúnço, acatô.
Tornô-se Mãe, de verdade,
de tôda a humanidade,
e de Jesus Saivadô.

Gabrié inda ordenô,
alí, na anunciação:
Percure Zé Caipintêro,
abrindo o seu coração.
Deve cum êle casá,
prumode legalizá,
a sua situação.
Maria casô cum Zé,
dispôi da anunciação.

Zé, normamente na lida,
ela in sua gestação.
E alí dento de Maria,
tava aquêle qui siria,
para o mundo a redenção.

E bem pertíin de chegá,
o isperado mumento,
Zé acumodô Maria,
amuntada num jumento.
Uis anjo dixero: Amém;
e êles fôro prá Belém,
mode o recensiamento.

Quando chegaro in Belém,
já num tinha mais hoté.
Ninhum quarto de pensão,
ninhum abrigo, si qué.
Nem um pôco angustiada,
Maria, resiguinada,
dixe: E agora, José ?

Vamo dá o nosso jeito,
dixe êle prá Maria.
Adispôi de munto andá,
longe do qui êles quiria;
finaimente se arrancharo,
num lugá qui incontráro,
dento de uma istribaria.

Quando foi tarde da noite,
Maria pariu sem dô.
Arrecebeu duis animá,
solidariedade e amô.
Na maió simpricidade,
prá nossa felicidade,
nasceu Jesus Saivadô.

Cum seu instinto materno,
Maria, quage dotôra,
do seu fiín inucente,
cumpetente zeladôra;
pegô Jesus bem nôvíin,
e acumodô cum caríin,
no capim da mangedôra.

Meus irmão, foi nêsse hoté,
qui num tem era uma vêiz,
de uma istrêla, somente;
a de Belém, digo a vocêis;
qui nasceu o mais amorôso,
tombém o mais poderôso;

O REIS DE TODOS UIS REIS...

Tenham todos (as) um FELIZ NATAL!



Bob Motta
NATAL-RN
DEZ 2007

Referência
http://www.mail-archive.com/becodalama@yahoogroups.com/msg00894.html