quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

MATUTANDO!

[Por Diego Bruno de Souza Pires]
#
Acredito que a maior pureza esteja no pensamento de um matuto. Ele pensa mais profundo e descobre mundos... seus pensamentos são simples, porém bem complexos. Dificilmente um homem da cidade conseguirá acompanhar seu raciocínio, pois o horizonte do seu pensamento divaga sobre a filosofia de uma dimensão desconhecida e sua curiosidade impulsiona o divagar no seu algo transbordante.

Eis o pensamento filosófico de hoje:

Matutando!


Bole-se no nada no meio do tudo, querendo encontrar o que se esconde no horizonte do infinito, posto que a vida passa, os anos passam, os olhos passam, a barca da vida passa, mas para os que sentem verdadeiramente a chama do ser nunca se cala, mesmo que se esconda no maltrato do infinito...

Há coisas que o silêncio não pode calar; que a escuridão não pode apagar; que a memória não pode esquecer; que a velhice nunca pode quebrar; que o coração não pode vender...

A grande circunscrição da vida é justificada pelo bom aproveitar da sanidade. Há somente uma coisa que alinha os animais com a razão, fazendo-os desprezar a fome, a rivalidade e a incerteza. Essa coisa faz com que animais defendam seus filhotes no enfrentamento com a morte.

Para possuir esse tesouro que é capaz de se entregar a morte para proteger os que descendem de suas entranhas, os animais não precisam ser velhos, bastam ser gigantes em si mesmos, guardando um tesouro que poucos atualmente conhecem...

Esse infinito tesouro é o amor... (conheço muito bem!)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CALEM A BOCA, NORDESTINOS!


Me surpreendi com esse email. É sem sombra de dúvidas belíssimo! Pois isso quero compartilhá-lo com os meus irmãos NORDESTINOS.



Calem a boca, nordestinos!

Por José Barbosa Junior



A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.
Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra… outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.
Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.

Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.

E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!

Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!

Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?

Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?

Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…

Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…

E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…

Ah! Nordestinos…

Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?

Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.

Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!

Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!

Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!

Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!

Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!

Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.

Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.

Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”

Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

MAZZAROPI


Amácio Mazzaropi, mais conhecido como Mazzaropi, é considerado até hoje como um dos maiores artistas brasileiros, uma verdadeira lenda. Pode-se dizer que ele foi o maior cineastra brasileiro até hoje, com a maior produção de filmes na história do cinema brasileiro, versando um total de 33 filmes, tendo alcançado recorde de bilheteria em quase todos os filmes. Depois de Chalie Chaplin, pode-se dizer que Mazzaropi foi o maior artista de comédia de todos os tempos.
Atualmente, acredita-se que o famoso Mr. Bean utilize de traços marcantes tanto de Mazzaropi, como do grande Chaplin, numa fusão perfeita de humor, versatilidade, bom senso, criatividade e qualidade humorística.

NUM NAMORO DE ANTIGAMENTE



NUM NAMORO DE ANTIGAMENTE

O namoro de antigamente era muito diferente dos namoros de hoje em dia; antigamente a “dificulidade” era tão grande que bastava a namorada alisar a mão do namorado duas vezes, que “o cabra já ficava c’á bixiga taboca”, de circo armado; na maior. Hoje em dia, a facilidade é tanta que uis peste duis namorado quase não ligam prá namorada; e o namoro também virou uma raridade, depois que inventaram essa estória de “ficar”. Hoje o “ficar” migrou da cidade p’ro sertão e aí, meu fíi; “tchau e bença”! Mas, se antigamente o namoro na cidade já era difícil, imagine, caro leitor (a); como era o namoro nas quebradas do sertão. Prá começo de conversa, era muito raro o casal de namorados que namorava todas as noites; pois as distâncias era quilométricas e a rapaziada ia mesmo era lombando, prá casa da namorada. E, em lá chegando, era um numa cadeira, a mãe da namorada num tamborete no meio e o outro noutra cadeira. E a véia num se levantava nem a pau; nem prá fazer um café, dar uma mijada; nem mesmo prá escutar uma novela pelo rádio... E era um sofrimento do casal. A folguinha que tinha, era apenas e tão somente na chegada e/ou na saída; quando tinham a sorte e a felicidade de se encontrarem a sós na porteira, lá no terreiro...E a estória de hoje, de autoria da própria sabedoria popular, conta que um desses casais das antigas, mais sortudo que os outros, “incontrô o texto da panela”; ou seja, a mãe da “moça”, diga-se virgem, era “fogosa demais” e vivia agarrada cum o pai da menina, pela cozinha, pelo corredô da casa (daqueles corredores compridos da sala de visitas até a cozinha e os quartos na passagem...); detrás da cisterna, debaixo “duis imbuzêro”; num dava sossego ao pobre do matuto. O cabra via tocha!... Mas, só queria a “brincadeira” para si; e vivia dando conselhos para a filha, sobre o comportamento da mesma com o namorado. E enfatizava: Nada de chamêgo! Num ceda in nada, minha fía; nada de bêjo, abraço, agarramento; nada de “chichinado” de fóima aiguma. E a garota, na sua ingenuidade, seguia à risca os conselhos da mãe. E o danado do namorado; ou melhor, o coitado do namorado, andava ao redor de légua e meia e “ficava na lambisquáia”; num arrumava coisíssima aiguma...E toda noite insistia e nada conseguia. E numa noite, êle insistiu mais do que nas outras noites:
- Me dê um bêjíin.
Ela, se lembrando sempre dos conselhos da mãe, tentou cortar o “mal” pela raíz:
- Não; nada disso, agora.
- Um abraço...
E ela:
- Já disse; nada disso, agora...
- Ôxe; e pruquê nada disso, agora ?
- Mode qui mãe dixe qui eu num cedesse a você nada disso, agora.
O namorado, se afobando; deu-lhe um tapa no ombro e disparou:
- Ah! É assim ?! Intonce sorte minha “chibata” qui eu quero ir simbora!...
Bob Motta
Visite o site de Bob Motta http://www.bobmottapoeta.com.br/publicacoes.aspx#

PÔ DO SÓ DO POTENGÍ...


PÔ DO SÓ DO POTENGÍ...


Meu querido rêis duis astro,
obisselvando o teu pô,
cum teu brío alaranjado,
amostrando o isprendô;
vejo nêle, in minha frente,
o brío resprandecente,
duis zóio do meu amô.

P’ru detráis duis manguezá,
tu some e dêxa a lembrança,
de quando eu era minino,
cum o peito chêi de isperança.
Fecho uis zóio e aí intão,
de carona na emoção,
vorto ao tempo de criança.

Muntas vêiz presenciei,
tu chegá no amanhincê.
E hoje, emocionado,
saúdo o teu s’iscondê;
cum meu poema matuto,
de linguajá puro e bruto,
qui é parte do meu vivê.

Me vejo ali do ôto lado,
feliz, pescando sirí.
Nais sombra dais aigaróba,
nóis ia se divirtí.
Digo, batendo in meu peito,
qui me deleitei no leito,
do amado Ríi Potengí.

Derna de lá de Igapó,
éis tistimunha qui andei,
na lama da maré sêca,
onde munto me atolei.
No véi Potengí, crescí,
brincando, eu invêiêcí,
disso, nem conta, me dei.

Incruzêi êle in canoa,
duas ô trêis vêiz, a nado,
de lá do Paço da Pátria,
feliz, dispreocupado.
Potengí e tu é tema,
qui me inspira êsse poema,
adonde dô meu recado.

Lembro uis lance de tarrafa,
uis arrasto de mangote,
no Bar do Pé do Mocó,
glosei meus premêro mote.
E lá na bêra da linha,
cadêra cativa, eu tinha,
prá brincá Gato no Pote.

Ali, muntas vêiz tentei,
o pau de sêbo, iscalá.
E pura Sumana Santa,
nóis ia, o Judá, rasgá.
Lá na Peda do Rusáro,
mais ôto lindo cenáro,
tôdo mundo ia rezá.

A Deus do Céu, agradeço,
do fundo do coração,
êsse tão belo cenáro,
qui me enche de inspiração;
e êsse dom maraviôso,
qui além de munto gostôso,
é minha sustentação...


Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta

visite o site de Bob Motta
http://www.bobmottapoeta.com.br/publicacoes.aspx#

BANDA CURRUPIO - MIKE ROOL


Comentário.


A banda Currupio do Forró é uma das bandas mais engraçadas do sertão pernambucano. O show é uma mistura de diversão, criatividade, bom senso e alegria. O vocalista da banda (Walter Marculino) é filho do poeta Zé Marculino, o poeta mais importante da cidade de Serra Talhada/PE, e, a propósito, um dos mais importantes poetas do Brasil. Zé Marculino marcou a história do Forró através de seus poemas bem sertanejos e marcados por letras belíssimas.

A banda tem se apresentado em muitos lugares do Brasil, levando muita alegria e um humor aguçado. O vocalista (Walter) se apresenta vestido de Fred dos Flintstones. É uma tremenda graça. Simplesmente sensacional!!!

Direto de Serra Talhada/PE para o Mundo!

A triste Partida - (Patativa do Assaré)

Comentário

A triste partida é uma das músicas que está mais arraigada com a cultura nordestina. Essa canção é a representação perfeita do homem sertanejo que luta, tem esperança, tem amor por sua terra e por sua gente e, sobretudo, confia num Deus que sempre olha pelos humildes. Essa letra é Belíssima! Escrita por Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré), um dos maiores poetas de todos os tempos, foi cantada pela primeira vez por Luiz Gonzaga, o qual fez muito sucesso por cantar o nordeste e o seu povo.

veja a letra da música aqui: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/antonio-goncalves-da-silva/a-triste-partida.php