quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

NUM NAMORO DE ANTIGAMENTE



NUM NAMORO DE ANTIGAMENTE

O namoro de antigamente era muito diferente dos namoros de hoje em dia; antigamente a “dificulidade” era tão grande que bastava a namorada alisar a mão do namorado duas vezes, que “o cabra já ficava c’á bixiga taboca”, de circo armado; na maior. Hoje em dia, a facilidade é tanta que uis peste duis namorado quase não ligam prá namorada; e o namoro também virou uma raridade, depois que inventaram essa estória de “ficar”. Hoje o “ficar” migrou da cidade p’ro sertão e aí, meu fíi; “tchau e bença”! Mas, se antigamente o namoro na cidade já era difícil, imagine, caro leitor (a); como era o namoro nas quebradas do sertão. Prá começo de conversa, era muito raro o casal de namorados que namorava todas as noites; pois as distâncias era quilométricas e a rapaziada ia mesmo era lombando, prá casa da namorada. E, em lá chegando, era um numa cadeira, a mãe da namorada num tamborete no meio e o outro noutra cadeira. E a véia num se levantava nem a pau; nem prá fazer um café, dar uma mijada; nem mesmo prá escutar uma novela pelo rádio... E era um sofrimento do casal. A folguinha que tinha, era apenas e tão somente na chegada e/ou na saída; quando tinham a sorte e a felicidade de se encontrarem a sós na porteira, lá no terreiro...E a estória de hoje, de autoria da própria sabedoria popular, conta que um desses casais das antigas, mais sortudo que os outros, “incontrô o texto da panela”; ou seja, a mãe da “moça”, diga-se virgem, era “fogosa demais” e vivia agarrada cum o pai da menina, pela cozinha, pelo corredô da casa (daqueles corredores compridos da sala de visitas até a cozinha e os quartos na passagem...); detrás da cisterna, debaixo “duis imbuzêro”; num dava sossego ao pobre do matuto. O cabra via tocha!... Mas, só queria a “brincadeira” para si; e vivia dando conselhos para a filha, sobre o comportamento da mesma com o namorado. E enfatizava: Nada de chamêgo! Num ceda in nada, minha fía; nada de bêjo, abraço, agarramento; nada de “chichinado” de fóima aiguma. E a garota, na sua ingenuidade, seguia à risca os conselhos da mãe. E o danado do namorado; ou melhor, o coitado do namorado, andava ao redor de légua e meia e “ficava na lambisquáia”; num arrumava coisíssima aiguma...E toda noite insistia e nada conseguia. E numa noite, êle insistiu mais do que nas outras noites:
- Me dê um bêjíin.
Ela, se lembrando sempre dos conselhos da mãe, tentou cortar o “mal” pela raíz:
- Não; nada disso, agora.
- Um abraço...
E ela:
- Já disse; nada disso, agora...
- Ôxe; e pruquê nada disso, agora ?
- Mode qui mãe dixe qui eu num cedesse a você nada disso, agora.
O namorado, se afobando; deu-lhe um tapa no ombro e disparou:
- Ah! É assim ?! Intonce sorte minha “chibata” qui eu quero ir simbora!...
Bob Motta
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